Perspectivas e cenário econômico para o segundo semestre: impactos para MPEs

Izak Carlos da Silva • 2 de julho de 2025

O segundo semestre de 2025 começa com grande atenção voltada para os rumos da economia brasileira


Após um primeiro semestre marcado por sinais de resiliência e crescimento moderado, o momento agora é de avaliar tendências, identificar oportunidades e compreender os impactos desse cenário sobre os diversos agentes econômicos — especialmente sobre as micro e pequenas empresas (MPEs), que formam a espinha dorsal do empreendedorismo no país.


Diante de um ambiente que mescla desafios estruturais e perspectivas econômicas promissoras, torna-se essencial analisar os principais indicadores macroeconômicos, as condições do mercado de crédito e os desdobramentos das políticas monetária e fiscal. 


Este artigo, preparado pelo BDMG com base em dados atualizados, oferece uma leitura estratégica sobre o que esperar do restante do ano e como os empreendedores podem se posicionar de forma consciente para aproveitar as oportunidades e enfrentar os obstáculos com preparo e responsabilidade.


Panorama geral da economia brasileira em 2025

O Brasil entra no segundo semestre de 2025 demonstrando resiliência econômica e sinais claros de recuperação sustentável, mesmo diante de um contexto global marcado por incertezas e tensões geopolíticas. 


Os principais indicadores de atividade econômica reforçam esse otimismo, com destaque para o desempenho do mercado de trabalho. O país encerrou o primeiro trimestre do ano com a menor taxa de desemprego da série histórica da PNAD Contínua: 6,4%. 


A formalização no mercado de trabalho atingiu 41,3%, maior patamar desde 2017, enquanto a taxa de participação da força laboral alcançou 62,2%.


Esses fatores combinados têm impulsionado a massa de rendimentos e o rendimento médio real, que cresceu 4% nos últimos 12 meses. Esse crescimento se reflete diretamente no aumento do consumo das famílias, dinamizando setores estratégicos como o comércio e os serviços. 


Com um consumo mais robusto, a economia brasileira mostra um dinamismo que surpreende positivamente, apesar dos desafios internos e externos.


Setores em destaque: comércio, serviços, indústria e agro

O comércio varejista segue aquecido, com crescimento acumulado de 3,4% nos 12 meses até abril de 2025. 


Esse avanço é resultado da confiança do consumidor, cujo índice chegou a 84,3 pontos em março — acima do nível registrado no início da pandemia, o que demonstra uma percepção positiva da população em relação ao cenário econômico atual e futuro, estimulando a manutenção de um nível elevado de atividade.


O setor de serviços, que representa aproximadamente 60% do PIB nacional, também apresenta desempenho firme, com crescimento de 2,7% no mesmo período. A expansão ocorre de maneira disseminada entre os diversos segmentos, indicando uma recuperação ampla e sustentável. 


Já a indústria nacional, embora enfrente pressões, acumulou alta de 2,4% nos últimos 12 meses, com ganhos distribuídos entre bens de capital, bens de consumo duráveis e bens intermediários.


Outro destaque vai para o agronegócio brasileiro, que segue como um dos motores da economia. 


Impulsionado por safras recordes e pelo aumento das exportações, o setor vem obtendo resultados consistentes em grãos, proteínas e biocombustíveis, o que reforça a posição do Brasil como protagonista global no agronegócio, contribuindo significativamente para o equilíbrio da balança comercial e para a geração de renda no interior do país.


Desafios macroeconômicos: juros e política fiscal

Apesar do otimismo generalizado, a economia brasileira ainda enfrenta desafios importantes, especialmente no campo monetário e fiscal. A taxa básica de juros, a Selic, permanece elevada em 15,00%, o maior patamar desde 2006


Esse nível de juros é reflexo de expectativas inflacionárias acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, e não apenas da inflação corrente.


A autoridade monetária tem mantido essa postura mais rígida como forma de conter pressões inflacionárias provocadas, em grande medida, por uma política fiscal expansionista. 


O aumento dos gastos públicos e os estímulos adotados pelo governo vêm pressionando a demanda e elevando os preços. No entanto, esse modelo começa a encontrar seus limites, tanto por questões de restrição fiscal quanto pela resistência da sociedade ao aumento da carga tributária e às novas medidas arrecadatórias propostas no Congresso.


A boa notícia é que há sinais de inflexão no horizonte. A combinação de uma política monetária firme e de um esforço de contenção fiscal tende a produzir efeitos positivos no controle da inflação. 


As projeções apontam que, embora o centro da meta (3%) só deva ser atingido em 2027, a inflação deverá ficar dentro da banda de tolerância (até 4,5%) já em 2026, com tendência de queda gradual e sustentada.


Oportunidades no mercado de crédito

Nesse contexto de estabilização da taxa Selic e expectativa de queda nos índices inflacionários, surgem boas oportunidades no mercado de crédito


O Banco Central sinalizou que o ciclo de aperto monetário chegou ao fim, ao manter a Selic estável em sua última reunião. Isso significa que o custo do crédito não deve mais subir, o que favorece a tomada de financiamento, especialmente nas modalidades pós-fixadas.


Linhas de crédito atreladas ao IPCA ou à Selic apresentam uma vantagem estratégica: ao serem contratadas agora, com carência de 12 meses ou mais, o pagamento começará quando o cenário já estiver mais favorável — com inflação e juros mais baixos. 


Essa dinâmica proporciona um fôlego importante para os empreendedores, permitindo reforçar o capital de giro ou investir na modernização e expansão do negócio em um ambiente ainda competitivo, mas com menor pressão por parte da concorrência.


Esse tipo de operação pode representar um ponto de virada para muitos negócios, sobretudo os de menor porte. 


Ao utilizar o crédito de forma consciente, os empreendedores podem se preparar melhor para um ciclo de crescimento mais consistente, colhendo os frutos justamente quando o ambiente macroeconômico se mostrar mais estável.


Impactos e perspectivas para as MPEs

As micro e pequenas empresas (MPEs) são um dos pilares da economia brasileira e desempenham papel fundamental na geração de emprego e renda. Em um ambiente com melhora gradual nas condições de financiamento e manutenção da atividade econômica, essas empresas encontram espaço para crescer de maneira planejada e estratégica. 


A retomada da confiança do consumidor e a estabilidade no mercado de trabalho oferecem condições mais previsíveis para a tomada de decisão empresarial. O cenário de menor competição e maior poder de barganha com fornecedores pode favorecer as MPEs que estiverem prontas para investir. 


Com o custo do crédito mais estável e a tendência de queda ao longo do tempo, o segundo semestre de 2025 pode ser um momento decisivo para quem deseja expandir suas operações ou aumentar a eficiência de seus processos.


Outro aspecto relevante é que, mesmo diante da instabilidade geopolítica global, os efeitos sobre a economia doméstica têm sido limitados. Isso reforça a percepção de que o ambiente para os pequenos negócios é mais seguro do que em ciclos anteriores de instabilidade. 


Dessa forma, os empreendedores que se prepararem com planejamento financeiro, gestão de riscos e uso responsável do crédito terão maiores chances de prosperar.


Projeções econômicas e expectativas para o futuro

As projeções do BDMG são otimistas para os próximos anos. O crescimento do PIB é estimado em 2,4% para 2025 e 2,1% em 2026, confirmando uma trajetória de recuperação econômica moderada, porém sólida. 


Já a inflação, ainda pressionada no curto prazo, deve encerrar 2025 em 5,4% e cair para 4,5% em 2026, sinalizando uma convergência progressiva para o centro da meta.


Em relação à taxa Selic, espera-se que feche o ano de 2025 em 14,45%, com recuo para 11,50% ao final de 2026. Essa redução gradual no custo do crédito é essencial para incentivar o investimento produtivo e melhorar as condições de financiamento para empresas e consumidores. 


O câmbio, por sua vez, deve se manter relativamente estável, com previsão de R$ 5,85 para o final de 2025 e R$ 5,90 para o encerramento de 2026, o que reduz incertezas para importadores e exportadores.


Esses números mostram que, apesar dos desafios, o Brasil mantém uma base econômica robusta e com potencial de crescimento. 


Com políticas monetárias e fiscais mais coordenadas, e um mercado de crédito em transição para condições mais favoráveis, o ambiente é de atenção, mas também de oportunidade para os empreendedores que souberem agir com planejamento e visão de longo prazo.


Considerações finais: agir com responsabilidade e estratégia

Diante desse cenário, é possível afirmar que o segundo semestre de 2025 será um período de transição para um novo ciclo econômico. A estabilização da inflação, a sinalização de queda da Selic e a confiança do consumidor compõem um ambiente propício para decisões estratégicas de investimento e expansão. 


Para as MPEs, a janela de oportunidade está aberta — mas o sucesso dependerá da capacidade de utilizar o crédito com consciência, fortalecendo o negócio e se preparando para um crescimento sustentável.


A história econômica brasileira é marcada por ciclos de instabilidade e superação. O momento atual exige atenção redobrada, mas oferece condições concretas para avanços consistentes. 


Com dados sólidos, expectativas alinhadas e um mercado de crédito mais acessível, os micro e pequenos empreendedores têm em mãos as ferramentas necessárias para transformar desafios em conquistas duradouras.

foto de Izak, autor deste artigo, economista-chefe do BDMG

Izak Carlos da Silva é economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), com mais de 10 anos de experiência em análise macroeconômica, inteligência de mercado e consultoria em finanças. Doutor em Economia Aplicada e especialista em Finanças Corporativas, lidera estudos que apoiam decisões estratégicas no setor público e privado. Izak também atua como colunista de economia e desenvolvedor de modelos de previsão econômica com foco em políticas públicas e cenários regulatórios.

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