Como se preparar para pagar o 13º salário sem desequilibrar o caixa da empresa

Marcos Favero • 25 de novembro de 2025

Com a chegada do fim do ano, um dos maiores desafios para as empresas é garantir o pagamento do 13º salário sem comprometer o equilíbrio financeiro.


Embora o benefício seja essencial para os trabalhadores e movimenta significativamente a economia — R$291 bilhões em 2024, segundo o DIEESE —, ele também representa uma das principais despesas do calendário empresarial.


Para as micro e pequenas empresas, que geralmente possuem margens mais estreitas e fluxo de caixa mais sensível, planejar antecipadamente é a diferença entre estabilidade e aperto financeiro.


Por isso, neste artigo, vamos explorar como se preparar para essa obrigação de forma estratégica, calculando corretamente, criando reservas e adotando soluções inteligentes para evitar dívidas e desequilíbrios.


O impacto do 13º salário nas finanças das empresas

O 13º salário é uma despesa que se soma a outras demandas típicas do fim de ano, como férias coletivas, bonificações e aumento de encargos trabalhistas. 


Quando não há provisão antecipada, o pagamento do benefício costuma pressionar o caixa, levando muitos negócios a recorrerem a crédito emergencial ou até atrasar o benefício — o que gera multas e desgasta a relação com os colaboradores.


O 13º não afeta apenas a folha de pagamento: os encargos sobre o benefício também pesam no orçamento. É preciso incluir na conta obrigações como FGTS (8%), INSS patronal, eRAT/RAT/FAP/Terceiros e IRRF sobre o valor integral da segunda parcela, sendo este último gerador de impacto operacional e não necessariamente uma despesa.


Sem esse cálculo completo, o empresário corre o risco de subestimar o impacto total e comprometer o fechamento do exercício.


Por outro lado, empresas que adotam planejamento financeiro contínuo conseguem diluir esse custo ao longo do ano, mantendo a previsibilidade e a tranquilidade necessárias para encerrar o ciclo com saúde financeira. O segredo é o planejamento: aplicar pequenas quantias todos os meses facilita o pagamento em novembro e dezembro.


Como calcular e provisionar o valor corretamente

O 13º salário corresponde a 1/12 da remuneração por mês trabalhado. Isso significa que quem trabalhou o ano todo recebe o valor integral, e quem foi contratado no decorrer do período recebe de forma proporcional — desde que tenha trabalhado ao menos 15 dias em um mês.


Para calcular, divida o salário mensal por 12 e multiplique pelo número de meses trabalhados. Em casos de remuneração variável, é necessário calcular a média dos valores recebidos, incluindo horas extras, adicionais e comissões, conforme prevê o Decreto 57.155/1965.


Outro ponto fundamental é provisionar o valor desde o início do ano. Uma boa prática é reservar mensalmente 1/12 da folha total, aplicando esse montante em uma conta de investimento de baixo risco, como CDBs ou fundos DI. Assim, além de evitar o impacto no fluxo de caixa, a empresa ainda pode obter rendimento sobre a reserva.


Essa prática simples transforma uma despesa sazonal em um custo previsto e diluído. Empresas que adotam o método conseguem planejar-se com mais segurança e evitar endividamento no último trimestre — justamente quando o mercado costuma apresentar maior demanda de capital.


Estratégias para evitar endividamento no período

Mesmo com planejamento, o fim do ano exige atenção redobrada. A seguir, apresentamos estratégias que ajudam a manter as contas equilibradas sem comprometer o capital de giro.


1. Antecipe-se com um plano financeiro anual

O primeiro passo é construir um plano orçamentário que contemple todos os compromissos sazonais, como 13º, férias e tributos. Ao longo do ano, essa previsão permite ajustes contínuos e evita surpresas.


Empresas que fazem uma análise criteriosa da DRE (Demonstração de Resultados do Exercício) e mantém acompanhamento mensal de entradas e saídas tendem a lidar melhor com períodos de maior desembolso. O uso de ferramentas digitais — inclusive softwares SaaS de gestão orçamentária — facilita o controle e a projeção de cenários futuros, oferecendo visão clara do caixa disponível e das obrigações a vencer.


2. Monitore de perto o fluxo de caixa

Um controle eficiente do fluxo de caixa é indispensável. Ele permite identificar gargalos de liquidez e antecipar soluções antes que o problema se agrave. Idealmente, o empreendedor deve manter uma reserva mínima equivalente a um mês de despesas fixas, o que oferece margem para imprevistos e sazonalidades.


Utilizar planilhas ou sistemas automatizados ajuda a registrar entradas e saídas com precisão, identificar despesas supérfluas e projetar o saldo futuro — ferramenta essencial para prever a capacidade de pagamento do 13º sem recorrer a empréstimos.


3. Renegocie despesas fixas e sazonais

Outro caminho para aliviar o caixa é renegociar contratos com fornecedores e prestadores de serviço, especialmente aqueles que têm impacto relevante no orçamento. Negociações bem conduzidas podem resultar em descontos ou prazos mais longos, preservando a liquidez da empresa nos meses de maior comprometimento financeiro.


Vale revisar assinaturas e serviços pouco utilizados, adequando o orçamento à realidade atual do negócio. Pequenas reduções acumuladas podem representar uma economia significativa no período de maior pressão sobre o caixa.


Dicas para organizar o caixa antes de dezembro

A preparação para o pagamento do 13º deve começar meses antes da primeira parcela. Veja como organizar suas finanças para garantir tranquilidade e previsibilidade.


1. Faça uma análise completa de receitas e despesas

Antes de reservar recursos, é essencial revisar todas as entradas e saídas da empresa, identificando quais despesas são realmente indispensáveis. Com base nessa análise, é possível traçar um plano de cortes inteligentes, reduzindo custos de forma estratégica — sem comprometer a operação.


Essa revisão também permite identificar despesas sazonais que podem ser postergadas, como investimentos não urgentes em infraestrutura ou marketing, liberando recursos para cumprir as obrigações trabalhistas.


2. Crie uma reserva de emergência empresarial

A criação de uma reserva financeira exclusiva para obrigações trabalhistas é uma das práticas mais eficazes para evitar o aperto de caixa. Idealmente, essa reserva deve cobrir não apenas o 13º salário, mas também encargos como FGTS e INSS.


O valor pode ser depositado em aplicações seguras e de liquidez diária, permitindo resgate rápido no momento do pagamento. O hábito de alimentar essa reserva todos os meses transforma uma obrigação anual em uma rotina previsível e sem sustos.


3. Acompanhe indicadores financeiros com o apoio da contabilidade

O acompanhamento próximo ao contador é essencial para ajustar projeções e garantir que a provisão esteja adequada ao cenário real da empresa. A contabilidade pode auxiliar na simulação de cenários, cálculo de encargos e orientação sobre melhor aproveitamento de recursos financeiros e fiscais.


A análise de relatórios contábeis ajuda o gestor a identificar oportunidades de economia e otimização de despesas, fortalecendo a sustentabilidade do negócio ao longo do tempo.


Alternativas de crédito para quem não se planejou

Mesmo com planejamento, imprevistos podem acontecer. Nesses casos, buscar alternativas de crédito conscientes e bem estruturadas é a saída para evitar atrasos no pagamento do 13º.


Bancos de desenvolvimento, como o BDMG, oferecem linhas de crédito específicas para micro e pequenas empresas, com taxas reduzidas e condições flexíveis. Essas opções podem ser usadas de forma estratégica para reforçar o capital de giro e honrar compromissos trabalhistas sem comprometer o funcionamento do negócio.


É importante, no entanto, avaliar a real capacidade de pagamento antes de contratar crédito. O ideal é que o financiamento seja visto como um apoio pontual, e não como solução recorrente. Paralelamente, a empresa deve usar o aprendizado para implementar um planejamento financeiro que evite novas dependências de crédito no próximo ciclo.


Conclusão

Cumprir o pagamento do 13º salário em dia é mais do que uma obrigação legal — é um ato de responsabilidade e credibilidade perante os colaboradores. Para as micro e pequenas empresas, essa prática reforça a confiança da equipe, contribui para o clima organizacional e fortalece a imagem do negócio.


Com planejamento antecipado, controle financeiro rigoroso e reserva estratégica de caixa, é possível transformar esse desafio em uma oportunidade de gestão eficiente.


E se o equilíbrio parecer distante, lembre-se: o BDMG está ao lado do empreendedor mineiro, oferecendo crédito acessível e orientações que ajudam a estruturar, prosperar e crescer com segurança.

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