Reserva de emergência para MPE: como fazer a sua em poucos passos
Ter estabilidade financeira é um dos principais desafios das micro e pequenas empresas
(MPEs), especialmente em um cenário econômico incerto e sujeito a imprevistos. Despesas
inesperadas, sazonalidades nas vendas e mudanças no mercado podem afetar drasticamente a saúde financeira de um negócio.
Nesse contexto, contar com uma reserva de emergência torna-se não apenas uma boa
prática de gestão, mas uma medida essencial para garantir a continuidade das operações e fortalecer os negócios.
A boa notícia é que montar uma reserva de emergência é um processo possível, mesmo
para empresas com orçamento apertado.
Com planejamento, disciplina e as ferramentas certas, é viável criar uma “poupança” que assegure tranquilidade em momentos críticos. A seguir, você vai entender por que sua empresa precisa de uma reserva, como calcular o valor ideal, onde investir e como manter o hábito de poupar.
Reserva de emergência: o que é e por que sua MPE precisa de uma
Uma reserva de emergência é um valor guardado para cobrir despesas inesperadas que podem surgir no negócio. Isso pode incluir a quebra de equipamentos, atraso de recebimentos, redução nas vendas, gastos com saúde de colaboradores ou reformas emergenciais no espaço físico da empresa.
Ao contar com essa reserva, a MPE evita recorrer a empréstimos às pressas que, muitas vezes, têm juros elevados ou condições desfavoráveis.
Outro ponto importante é que, ao reduzir a necessidade de
contratação de um empréstimo em momentos críticos, o empreendedor passa a ter mais liberdade para utilizar crédito com
foco em expansão e crescimento, e não como forma de apagar incêndios financeiros.
Uma reserva de emergência também protege o crédito da empresa, prevenindo atrasos em pagamentos que poderiam comprometer o relacionamento com fornecedores e clientes.
Assim, a empresa mantém sua estabilidade financeira, quita despesas pontuais e segue operando normalmente, mesmo em períodos de baixa receita.
Quanto guardar: como calcular o valor ideal da reserva da sua empresa
O valor da reserva de emergência ideal varia conforme a estrutura de custos e a previsibilidade de receitas da empresa.
De forma geral, recomenda-se guardar o equivalente a três a seis meses das despesas fixas, podendo chegar a 12 meses no caso de empresas com alta sazonalidade ou instabilidade de faturamento.
Para encontrar esse número, o primeiro passo é somar os gastos fixos mensais, como aluguel, salários, energia, internet, fornecedores estratégicos e impostos recorrentes.
Em seguida, avalia-se o cenário da empresa: empresas mais expostas a riscos ou com
menor estabilidade de receita devem mirar uma reserva maior. Já negócios com maior
previsibilidade, como os que operam com contratos fixos, podem começar com um colchão
menor, desde que cubra as despesas essenciais por pelo menos três meses.
Por exemplo, se sua MPE tem despesas fixas mensais de R$ 10 mil, a reserva mínima
recomendada seria de R$ 30 mil. Para empresas com alta exposição a imprevistos, esse
valor poderia chegar a R$ 60 mil ou mais. O importante é começar, mesmo que com pouco,
e ir ajustando ao longo do tempo.
Passo a passo para começar a montar sua reserva de emergência
Antes de qualquer movimentação financeira, é essencial conhecer a fundo as finanças da
sua empresa. O primeiro passo é organizar os custos fixos, variáveis e eventuais.
Ferramentas como planilhas ou softwares de gestão financeira podem ajudar nesse diagnóstico, permitindo identificar para onde vai cada real do seu faturamento.
Com o raio-x financeiro em mãos, é hora de definir quanto poupar por mês. O ideal é estabelecer uma meta realista, que respeite a capacidade financeira do negócio. Se for possível reservar 10% da receita mensal, ótimo.
Mesmo que esse valor seja menor, a constância deve ser o foco principal. Lembre-se: a reserva não se forma do dia para a noite, mas sim com contribuições mensais, por menores que sejam.
Depois, crie estratégias para poupar continuamente. Pode ser utilizando os lucros de
meses com vendas acima da média, utilizando bônus de fornecedores ou mesmo aportando
os valores sazonais, como o 13º salário dos sócios, em casos de empresa familiar. Uma
estratégia eficaz é trabalhar com metas trimestrais.
Por exemplo, se a meta é guardar R$ 900 em três meses, é possível aportar R$ 500 em um
mês com maior faturamento e compensar com R$ 200 nos outros dois.
Onde guardar o dinheiro: aplicações seguras e com liquidez
A escolha do local para guardar sua reserva é tão importante quanto o ato de poupar. O dinheiro precisa estar disponível para saque imediato, caso uma emergência ocorra.
Por isso, os investimentos da reserva devem priorizar liquidez diária e baixo risco, ou seja,
aplicações que possam ser resgatadas com facilidade e que preservem o valor aplicado,
mesmo em tempos de instabilidade.
Entre as melhores opções estão os investimentos em renda fixa, como o Tesouro Selic, CDBs com liquidez diária, LCIs e LCAs emitidos por bancos confiáveis e fundos DI com resgate em D+0 ou D+1. Esses produtos oferecem rendimento previsível, segurança e possibilidade de acesso rápido ao dinheiro.
É importante que os investimentos escolhidos sejam protegidos pelo Fundo Garantidor de
Créditos (FGC), quando possível.
Evite deixar a reserva na conta corrente ou na poupança. Além de um baixo rendimento, o dinheiro parado está sujeito à perda de poder de compra causado pela inflação.
E, claro, aplicações com risco elevado, como ações ou criptomoedas, não são indicadas para a reserva de emergência, já que sua volatilidade pode comprometer o valor disponível
justamente no momento em que for necessário usá-lo.
Como manter a regularidade dos aportes, mesmo com orçamento apertado
Manter a constância dos aportes mensais é um dos maiores desafios para MPEs, especialmente em meses de menor faturamento. Por isso, é essencial encarar a reserva de
emergência como uma despesa fixa da empresa, ou seja, algo que deve ser priorizado
todos os meses, assim como o pagamento do aluguel ou dos salários.
Uma dica prática é programar aportes automáticos em plataformas de investimento. Assim, o valor será transferido automaticamente todo mês, evitando esquecimentos ou a tentação de utilizar o dinheiro para outros fins.
Nos meses em que a receita estiver mais apertada, é possível aportar valores menores, desde que o hábito seja mantido.
Outra forma de manter a disciplina é estabelecer metas flexíveis, como poupar por trimestre ou utilizar parte das receitas variáveis, como bonificações, para reforçar a reserva.
Mesmo um valor simbólico, como R$ 100 mensais, pode fazer diferença ao longo do tempo.
O segredo no compromisso com a saúde financeira da empresa.

Erros comuns ao montar a reserva e como evitá-los
Entre os erros mais frequentes está usar a reserva como extensão do caixa da empresa,
o que compromete a sua função de proteção emergencial. A reserva deve ser utilizada
apenas em situações críticas, nunca para cobrir despesas rotineiras ou compras por
impulso.
Outro erro comum é investir a reserva em produtos de baixa liquidez ou com risco elevado, como ações ou fundos voláteis. Como o foco da reserva é a preservação de capital e o acesso rápido ao dinheiro, é fundamental evitar aplicações com prazos longos de resgate ou com rentabilidade incerta.
Não menos importante é deixar de revisar a reserva periodicamente. Com o tempo, os custos da empresa podem mudar, seja por expansão, aumento de equipe ou novos
compromissos.
Dessa forma, manter o valor da reserva atualizado é essencial para que ela continue
cumprindo seu papel de proteção. Revise seu orçamento ao menos duas vezes por ano e ajuste a meta de reserva conforme necessário.
Quando (e como) usar a reserva de emergência da empresa
Saber quando utilizar a reserva é tão importante quanto construí-la. Emergências que
justificam o uso da reserva incluem:
- queda abrupta no faturamento;
- despesas inesperadas com manutenção de equipamentos;
- problemas de saúde de colaboradores-chave;
- eventos naturais que afetam o local de operação da empresa.
Antes de usar a reserva, é importante avaliar todas as alternativas. Em alguns casos, pode ser mais vantajoso renegociar prazos com fornecedores, utilizar uma linha de crédito específica, como um
empréstimo PJcom boas condições, ou mesmo ajustar temporariamente o orçamento.
Se for inevitável utilizar a reserva, priorize o uso parcial e crie um plano para recompor o
valor o mais rápido possível, evitando que a empresa fique desprotegida por muito tempo.
O uso consciente e estratégico da reserva reforça a confiança na gestão e evita prejuízos
maiores no longo prazo.
Reserva x capital de giro: entenda a diferença e a importância de ambos
Apesar de estarem relacionados à saúde financeira do negócio, reserva de emergência e
capital de giro têm objetivos distintos.
O capital de giro é utilizado para manter as operações do dia a dia, cobrindo despesas como estoque, folha de pagamento e contas a pagar. Já a reserva de emergência é destinada a situações excepcionais e imprevisíveis.
Enquanto o capital de giro circula constantemente no caixa da empresa, a reserva deve ficar separada e intocada até que uma situação crítica exija seu uso. Ambos são fundamentais para a sustentabilidade do negócio: o capital de giro garante a operação no
presente, enquanto a reserva assegura proteção no futuro.
A gestão eficiente desses dois elementos é o que permite à MPE operar com solidez e
planejar o crescimento.
E, se em algum momento for necessário buscar crédito para compor o capital de giro ou complementar a reserva, é importante optar por instituições confiáveis como o BDMG, que oferece linhas de crédito sob medida para MPEs.
Dicas para manter sua reserva protegida e atualizada ao longo do tempo
Com o passar dos meses, o cenário financeiro da empresa pode mudar: novos custos surgem, outros são reduzidos, e o faturamento pode crescer. Por isso, é importante repassar seu plano para reserva de emergência periodicamente, garantindo que ela continue adequada à realidade do negócio.
Avalie seu planejamento financeiro pelo menos duas vezes por ano, verificando se a
reserva cobre os custos atualizados por pelo menos três meses. Aproveite para realocar
investimentos, se necessário, buscando sempre aplicações com boa liquidez, segurança
e rendimento acima da inflação.
Mantenha também o hábito de registrar entradas e saídas de caixa de forma detalhada. Isso permitirá não só um melhor controle da reserva, mas também a identificação de
oportunidades de economia que podem aumentar o valor aportado mensalmente.
Conclusão
Ter uma reserva de emergência é mais do que uma boa prática — é uma medida essencial
para garantir a estabilidade financeira da sua MPE. Com ela, sua empresa pode enfrentar
períodos de crise, manter as operações em dias difíceis e evitar a contratação de crédito
emergencial com custos elevados.
Ao seguir os passos apresentados neste artigo você poderá construir, passo a passo, uma reserva financeira robusta e estratégica. E, se precisar de apoio para fortalecer os
negócios ou equilibrar o caixa enquanto forma sua reserva, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais pode ser um aliado.
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